terça-feira, 27 de julho de 2010

PANICO - UMA HISTÓRIA DE SUCESSO


Quando Pânico (Scream, 1996) fez sua estréia internacional, grande parte da mídia tratou de qualificar o filme como “uma excelente produção do gênero capaz de prender atenção e divertir ao mesmo tempo” assim como “capas de injetar sangue novo no já batido tema dos assassinos psicopatas”. O filme trouxe fama e reconhecimento, além de muito dinheiro, para as pessoas envolvidas na produção, além de ter gerado um estilo próprio que acompanharia as produções dos anos seguintes. Curiosamente, um pequeno grupo, formado por fãs de filmes de suspense, não conseguia entender como Pânico era capaz de fazer tanto barulho, pois não viam na obra um trabalho de qualidade.
Mas afinal, quem estava certo? Aqueles que adoravam o filme ou quem o crucificou? Antes de falar de Pânico, é preciso entender o período no qual ele foi produzido, a metade de década de 90, na qual as obras do gênero viviam das sobras dos anos 80. Tratava-se de uma época sombria para os filmes de suspense que procuravam esmigalhar os últimos grãos de seqüências, produzidas na década anterior ou apostavam em novas produções que geralmente eram fracas e não agradavam ninguém.
Só para se ter uma idéia do tamanho do buraco, foi desse período, de 90 até 95, que verdadeiras bombas do gênero foram produzidas como Jason Vai para o Inferno (Jason Goes to Hell, 1993), Pesadelo Final (Freddy´s Dead, 1992), Colheita Maldita 3 (Children Of The Corn , 1994), Hellraiser 3 (1993), O Anjo Malvado (The Good Son, 1993), Sonâmbulos (Sleepwalkers, 1992), além de diversas outras porcarias. Ou seja, os produtores basicamente tentavam faturar com seqüências de qualidade duvidosa dos filmes que fizeram sucesso nos anos 80 e com novas produções, que não se mostravam como filmes interessantes. Foi nesse contexto que o diretor Wes Craven começou a trabalhar em um projeto de suspense que voltaria a prender a atenção do público.

Uma primeira observação deve ser feita, pois Craven é um sujeito capaz de fazer excelentes filmes como Quadrilha de Sádicos (The Hills Have Eyes, 1977) e o primeiro A Hora do Pesadelo (A Nightmare on Elm Street, 1984). No entanto, o homem vive trocando os pés pelas mãos e já assinou bombas como Quadrilha de Sádicos 2 (The Hills Have Eyes 2, 1985) e Shocker (1989). O cara é picareta mesmo, pois já declarou pra quem quisesse ouvir, que fez filmes ruins apenas para ganhar dinheiro. Mesmo com uma filmografia que vai das ótimas produções para verdadeiras tragédias cinematográficas, ele possuía (ainda possui) um nome forte no gênero.

O roteiro do que viria a ser Pânico foi escrito por um sujeito completamente desconhecido na época: Kevin Williamson. Fã de filmes de suspense, tendo Halloween (Halloween, 1978), como a sua produção favorita, o rapaz desenvolveu um roteiro batizado originalmente de Scary Movie, que foi aprovado pela New Line Cinema e entregue para as mãos de Craven. De forma resumida, este roteiro, que posteriormente recebeu o título de Scream, narrava as desventuras de um grupo de amigos de uma típica cidade norte-americana, alunos de uma high-school qualquer, que começavam a ser mortos por um misterioso assassino mascarado. No final “surpresa”, conhecemos o cruel vilão e os motivos que o levaram a trucidar todo o elenco. Mais clichê impossível, certo? Exato, mas com uma observação que faria toda a diferença no produto final: o filme conseguia prender a atenção justamente no mistério de quem seria o assassino.

Wes Craven não só percebeu como soube utilizar isso de forma positiva, pois fez com que os clichês, tão comuns nas produções do gênero, fossem na verdade recriados dentro do filme, para oferecer uma dose a mais de mistério na busca de autor dos assassinatos. Alguns dos personagens são fãs de filmes de suspense e brincam com as chamadas “regras para sobreviver a um filme do gênero”. Total uso de metalinguagem na história, que gerou resultado satisfatório, aliado com o tom de suspense e as corriqueiras cenas de correria. O rostinho bonito dos atores e atrizes, todos exagerados, mas com personagens desenvolvidos para criar simpatia do público, também ajudou numa boa aceitação do filme.

Mas então por quê tem gente que não gosta de Pânico? Foi justamente essa combinação roteiro-direção do filme que trouxe um dos maiores problemas na concepção de algumas pessoas e que é determinante numa produção de suspense: excesso de “susto fácil”. Traduzindo: Pânico foi um dos filmes que mais utilizou aquelas cenas na qual uma cadeira quando cai faz o barulho de um trovão, ou em que a trilha sonora aumenta de volume abruptamente em uma situação de perigo, ou o ângulo de filmagem é utilizado para que somente o personagem tome susto, pois qualquer outra pessoa do mundo, mesmo um caolho, teria visto alguém entrando. Não que o “susto fácil” tenha sido criado em Pânico, mas foi utilizado ao extremo.

Tal elemento desagrada muita gente porquê coloca em discussão os pontos utilizados para provocar medo na platéia do cinema, uma vez que, tecnicamente, uma boa história deveria se sustentar nela própria e em uma boa direção ao invés de apelar para momentos desnecessários que vão fazer a platéia pular para depois começar a rir. Trata-se de uma discussão bem antiga, embora o filme, passando por uma análise mais detalhada, apresente algumas falhas bem primárias, que vão de erros de continuidade até problemas técnicos. Além do mais, como “filme entretenimento”, que visa lucro e diversão, Pânico tem toda espécie de susto programado e isso também não agradou certos fãs de suspense.

Independente de você gostar ou não de Pânico, o fato é que, quando fez sua estréia, o filme foi um verdadeiro sucesso de crítica e bilheteria. Uma verdadeira “febre Pânico” foi vista em forma desta nova linguagem: roteiro aparentemente rebuscado, trama com mistério, o assassino “é um de nós” e rostinhos bonitinhos no elenco. Ah, e “susto fácil”, muito “susto fácil”. Essa foi a regra seguida pelos filmes de suspense que fossem produzidos nos anos seguintes, pois os produtores perceberam que o tema havia agradado e como lógica de mercado, poderiam faturar com isso.

Kevin Williamson foi alçado a roteirista oficial de filmes de suspense daquela época enquanto Wes Craven fez as pazes com fãs e crítica. Uma seqüência do próprio Pânico, novamente comandada pela dupla, foi produzida e lançada menos de um ano depois do original, com o mesmo formato do filme anterior e quase fazendo o mesmo sucesso.

Foi nesta época, começo de 97, que começaram a surgir os filhos bastardos de Pânico, como Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado (I Know What You Did Last Summer, 1997), com roteiro de Williamson, Lenda Urbana (Urban Legend, 1998), além de produções antigas que foram requentadas com a fórmula mistério + susto fácil, como A Noiva de Chucky (Bride Of Chucky, 1997) e Halloween H-20(1998), co-produzido por Williamson.

O que se mostrou no início como uma mina de ouro logo depois foi confirmado como um caminho para o fracasso, pois todos os filmes derivados de Pânico logo passaram a apresentarem resultados repetitivos, como realmente eram. E não demorou muito para que tais produções não conseguissem chamar a atenção da crítica até que o próprio público consumidor começou a perder o interesse. A lógica foi mais ou menos assim: Pânico tinha um certo ineditismo por ter uma trama que conseguia prender a atenção do público, além da utilização de “susto fácil” durante quase a história inteira, algo que a maioria das pessoas gostava. Já os filmes derivados de Pânico tentavam seguir basicamente essa mesma linha, mas esbarravam em roteiros fracos, que geravam produtos ruins, enquanto os mistérios se tornavam verdadeiros “sambas do criolo doido”. O próprio Williamson trocou os pés pelas mãos ao criar o complicado e chato Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado.

Os produtores lucraram como puderam com estas produções bastardas, mas o estilo “Pânico” de fazer filmes estava fadado para ter vida curta e em 2000, com o lançamento de Pânico 3 (Scream 3), o ciclo praticamente se fechou, não só da trilogia, como da própria receita conhecida. Wes Craven só aceitou dirigir o filme porquê tinha interesse em assumir o drama Música do Coração (Music of My Heart, 2001) e a New Line, produtora de ambas as produções, disse que só liberaria o filme para Wes caso ele dirigisse Pânico 3. Kevin Williamson ainda arriscou alguns projetos, péssimos como Tentação Fatal (Teaching Mrs. Tingle, 1999), para logo depois cair no esquecimento.

NO PRIMEIRO:
Na pacata cidadezinha de Woodsboro, um crime bárbaro choca toda a população. Dois jovens, Casey Becker (Drew Barrymore) e Steve Orth (Kevin Patrick Walls) são mortos nos moldes de um filme de terror. Nos dias seguintes, a polícia se empenha na busca do assassino, enquanto a jovem Sidney Prescott (Neve Campbell) parece ser o próximo alvo do matador, que começa a perseguir e trucidar pessoas próximas à moça. Enquanto isso, a repórter Gale Weathers (Courteney Cox) parece estar a um passo de conseguir uma grande história.
A tagline “Todos são suspeitos” consegue realmente deixar um clima de que o assassino pode ser qualquer pessoa. Destaque para o excelente prólogo (nota 10) e a capacidade de Craven em trabalhar, de forma declarada, com todos os clichês do gênero e conseguir um resultado satisfatório. A descoberta do assassino e sua motivação soam convincentes dentro da trama. O filme presta justa homenagem aos filmes de suspense dos anos 70 e 80.

NO SEGUNDO:
Dois anos depois do massacre em Woodsboro, a sobrevivente Sidney está morando em um campus universitário, onde tenta reconstruir sua vida. Com a estréia do filme Punhalada (Stab), baseado nos acontecimentos do primeiro Pânico, que foi escrito pela repórter Gale Weathers, um misterioso assassino começa a perseguir novamente Sidney e seus amigos.
Esse segundo episódio já não tem o ineditismo do original (que já não era tão inédito assim) e a sensação de “eu já vi isso antes” está presente em grande parte da história. Os momentos de suspense são semelhantes ao filme anterior e os sustos fáceis estão em maior quantidade. Diferente do primeiro capítulo, o assassino, nem sua motivação, convencem. Tudo neste filme parece exagerado, o assassino cai muito, o prólogo é no mínimo surreal (nem uma sessão de Rocky Horror Show com participação da platéia é daquele jeito) e o final, quase apocalíptico.

NO TERCEIRO:
Traumatizada pelos eventos dos dois primeiros filmes, Sidney passa a viver isolada e com identidade falsa temendo que um novo assassino passe a persegui-la novamente. Enquanto isso, em Hollywood, está sendo gravado o terceiro capítulo de Punhalada e alguns dos atores envolvidos na produção começam a serem assassinados de verdade. A polícia começa a creditar que o novo vilão quer a presença de Sidney para um acerto de contas.
Mais comédia do que suspense, esse terceiro capítulo quase ou nada tem a oferecer de novidade.

CURIOSIDADES:
- Somando os três filmes, foram assassinadas 28 personagens.

- Para que Drew Barrymore chorasse de forma convincente, o diretor Wes Craven ficou falando para ela, durante as gravações das cenas, relatos de crueldades contra animais. A atriz é, na vida real, defensora da bicharada.

- A máscara do assassino de Pânico foi encontrada pelo próprio Wes, em uma loja de fantasias localizada perto das locações do filme. Por sua vez, essa máscara era inspirada no quadro “O Grito”, de Edvard Munch.

- Um total de 50 galões de sangue falso foi utilizado no Pânico 1. Esse número foi diminuindo com as seqüências, sendo 30 no segundo filme e apenas 10 no último.

- O personagem de Pânico Billy Loomis ganhou esse sobrenome como homenagem ao Dr Loomis (Donald Pleasence), da série Halloween, que por sua vez, recebeu esse sobrenome do personagem Sam Loomis (John Gavin), do clássico Psicose (Psycho, 1960).

- Esta não foi a única referencia de Pânico a filme antigos. Várias outras são mostradas durante o filme, através da fala de alguns personagens, que comentam sobre produções do gênero ou mesmo imagens de filmes que passam na televisão. Eis algumas: Halloween passa na televisão, no prólogo são mencionados além do próprio Halloween, A Hora do Pesadelo e Sexta-feira 13. Na festa do final do filme, fala-se de Evil Dead e Hellraiser.

- Todos os atores que participaram das duas seqüências tiveram que assinar um contrato que os proibia de falar qualquer coisa sobre o roteiro, que por sinal, fora entregue sem conter o final do filme. No caso de Pânico 3, três finais foram filmados e até a estréia do filme, nenhum dos atores sabia qual conclusão havia sido escolhida pelo diretor.

* Até agora só se encontram em todos os lugares informações desencontradas, afinal, Neve Campbell, ja declarou pelo menos um milhão de vezes, que não há salário que a fassa participar de PANICO 4, embora sites como o da propria atriz dizem que ela ira participar, seu nome consta em diversas listas como confirmada, tendo até um suposto contrato assinado, acho que assim como o suspense de quem é o assassino, esse sera um misterio que sera guarda até não poder mais, fazer um PANICO, sem Neve, é no minimo arrircado, espero que a melhor decisão seja tomada, afinal o filme só existi porque SIDNEY, tem que ser morta, um filme sem ela é um filme, sem motivo, que apenas carregara o nome, para ricicularizar, a imagem triunfante que todo fã do filme guarda em sua memoria, torço veenentemente, para que tão logo seja resolvido tal problema, e tenhamos assim um filme completo!

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